sexta-feira, março 09, 2007

SÓCRATES: DUAS JOGADAS DE GÉNIO


1.




Contexto:
Campanha Presidencial 2006


Intervenientes:
Cavaco Silva, Mário Soares, Manuel Alegre.



Tese:
como de certo estarão recordados, o primeiro candidato a avançar pela parte do PS para a Presidência da República foi Manuel Alegre, algum tempo antes de Cavaco Silva oficializar a sua própria candidatura. Era, aos olhos do nosso ilustre PM, o melhor que se podia arranjar... No entanto, e avistando no horizonte um possível avanço do antigo Primeiro-Ministro do PSD, fez-se luz na cabeça do alvi-castrense: Cavaco serviria muito melhor os propósitos e intenções do governo do que Alegre, demasiadamente esquerdista no seio do PS. Solução? Um "novo" candidato. É assim que Mário Soares irrompe dos escombros de uma carreira política perto do seu epílogo e se assume como O Candidato Oficial do PS para estas Eleições Presidenciais. Onde reside o imbróglio? No facto de Soares já não representar para o país um ícone político capaz de assumir um tal cargo de responsabilidade. Passo a explicar: a ideia de Sócrates nunca foi colocar Soares na PR, mas sim arranjar um candidato que já não tivesse quaisquer hipóteses de ser eleito, abrindo assim caminho para a vitória triunfal (porque a foi...) de Cavaco. Como se viria a comprovar nos números do pós-eleições, Alegre ficaria à frente de Soares com uma margem confortável (é certo que longe de Cavaco...), concluindo com sucesso o golpe orquestrado pelo Zé. Agora imaginem: não teria Manuel Alegre vencido as ditas eleições se todos os votos que muitas almas socialistas depositaram nas urnas tivessem o seu nome e não o de Soares?





2.




Contexto:
Referendo ao Aborto


Intervenientes:
Sócrates, Marques Mendes e no fundo, todo o PORTUGAL...



Tese:
José Sócrates envolveu-se de uma forma demasiadamente profunda em todo o processo do Referendo ao Aborto... mas não o fez porque achava por bem defender os seus princípios. Deixando de parte os argumentos pró e contra de toda esta problemática, Sócrates apenas viu nisso uma oportunidade de ouro para cimentar a sua posição no governo e reforçar o apoio do povo para as eleições legislativas em 2009. A mentalidade dos portugueses é agora outra e que melhor maneira de agarrar um lugar com unhas e dentes do que estar ao lado da maioria do povo nesse referendo? Ao empenhar-se a sério em toda a campanha pelo "SIM", Sócrates assegurou a vitória nas legislativas dentro de 2 anos mas conseguiu aproveitar ao máximo o choque social que se viveu nos últimos meses ("SIM" contra "NÃO", com as pessoas a recorrerem aos atrozes insultos de falta de humanismo de um lado, e «queixinhas» de questões mal formuladas do outro) para denegrir a imagem do maior partido da oposição - PSD - e, em particular, o seu líder, Marques Mendes.





De facto, Sócrates sabe que instrumento tocar numa orquestra; é um estratega como há poucos em Portugal; tem um dom retórico capaz até de enfrentar olhos nos olhos um Miguel Sousa Tavares a espumar pela boca.





Parabéns Zé! Com estas duas jogadas a reeleição está mais perto do que nunca...

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