quarta-feira, abril 04, 2007

DIÁRIO DE UM APAIXONADO (3)


2 dias depois...








"Só hoje te escrevo, meu caro. Sei que prometi contar-te ontem o que se havia passado há duas noites atrás, mas tive mais em que pensar, se é que me entendes... Passei o dia de ontem a rebobinar e a avançar nos acontecimentos dessa noite e ainda agora me encontro um tanto ou quanto desiludido. "Porquê?" é a questão que me colocas: foi uma noite que jamais esquecerei, mas pelos piores motivos. Como combinado fomos todos jantar, e como combinado, ela veio comigo no carro do meu pai. Saímos da faculdade numa autêntica «caravana humana», já que o pessoal levou todo o seu automóvel, e dirigimo-nos para o restaurante onde havíamos reservado mesa, numa casinha ali para os lados de Leça e por sinal muito familiar e acolhedora. Durante a ida para lá, conversámos, os dois, mas somente de cenas do curso: «profs», livros, apontamentos, recordações de aulas divertidas, o habitual. Durante o jantar, ficámos os dois juntos, mas a conversa que eu desejava ter com ela não podia, certamente, desenrolar-se ali, com o pessoal a rir, a beber (acredita, não toquei numa pinga de álcool...) e a falar suficientemente alto para que toda a gente no restaurante reparasse em nós. Isso veio depois do repasto. Á saída do restaurante, ficou acertado, como já era de prever, irmos para a discoteca. E de regresso ao carro, avancei. Oxalá nunca o tivesse feito. Como estávamos perto da praia, decidi fazer um breve desvio até lá para falarmos a sério. Desconfio que ela já estava preparada para o que ia ouvir... Parei o carro e perguntou-me de imediato o que estávamos ali a fazer. Fui directo ao assunto: disse-lhe que me sentia demasiadamente atraído por ela. "Demasiadamente?", perguntou. Sim. Demasiadamente. Sorriu (e eu a derreter por dentro...), baixou a cabeça e corou. "Não posso negar que também não me és indiferente". Foi música para os meus ouvidos. "Mas...", e foi aí que me vim abaixo como um castelo de fósforos. "Mas tenho namorado". A primeira facada da noite estava dada. Já desconfiava, mas sempre me revelei optimista em relação ao estado dela. Agora, fui eu quem baixou a cabeça. "Desculpa", disse-lhe. "Talvez fosse melhor nunca te ter dito isto, não é?", continuei-me a desculpar. "Não queria que ficasses assim, mas nunca tive a certeza de que sentias algo por mim". "Então, também já desconfiavas? Que eu gostava de ti?", perguntei-lhe. "Sim." Segunda facada. Por incrível que pareça, eu estava calmo e o meu ritmo cardíaco também estava normal. "Então achas que podemos vir a ter alguma coisa, os dois?", foi a segunda pergunta estúpida do dia, e ela respondeu com a maior das sinceridades, surpreendendo-me novamente: "Já pensei nisso, mas sinto-me confusa. Por um lado, gosto de ti, por outro...". "...gostas de quem está contigo agora. Percebo", finalizei. Mas não percebia, e aquela era a terceira e última facada da noite. Tão perto, já que ela também gostava de mim, mas ao mesmo tempo tão longe, tudo porque ela estava confusa... Liguei o carro, mantive a minha dignidade e fomos para a discoteca. A viagem foi feita em silêncio e não mais falámos nessa noite. Depois da festa, o pai dela ia buscá-la, o que estragou o meu plano de tentar outra abordagem... E pronto. Foi isto, meu caro. Agora com que cara é que vou olhar para ela? Provavelmente, nunca mais me dá "bola", pensando que sou mais um pobre coitado que se apaixonou por ela e por quem sentia algo mais do que simplesmente amizade. Talvez seja melhor esquecê-la de vez, não achas? Não me respondes... Compreendo o teu silêncio: só eu é que posso decidir isso, não é?"



in Imaginação de Yours Truly a funcionar...

2 comentários:

UnfinishedSong disse...

Suponho que esta seja a parte da ficção de que falavas no outro post: "a beber (acredita, não toquei numa pinga de álcool...)" lol ;)

Continua Zé q vais bem! O blog é porreiro heh *

Susana.

José Pedro Pinto disse...

É ficção pela simples razão de que toda esta história flui livremente na minha cabeça, mas acredita que essa parte em particular é a mais pura das verdades!

Não bebo, a sério que não, fico com a garganta autenticamente on-fire e um sabor desgradável na boca.

Se não acreditarem, podem perguntar a quem quiserem...

Beijnho és sempre bem-vinda (mesmo que seja só para me dares algumas bofetadas de luva branca!!!).