
Ela chegou à porta do café exactamente ás 21h03m. A noite estava amena, o céu escuro clareado pela força das estrelas e o olhar dela, procurava em redor da esplanada apinhada apenas uma pessoa: ele. Acabou por vislumbrá-lo, sozinho, sentado a uma mesa, com os auriculares do seu I-Pod nos ouvidos, olhando atentamente para o mar. Avançou para lá. Nesse preciso instante, também ele a viu: vestia camisa clara, umas calças escuras e calçava umas sandálias também elas escuras. Sorriu mal a viu. Ela respondeu-lhe da mesma forma. Ele levantou-se para a cumprimentar: dois beijos; um em cada face. Sentaram-se... e a conversa começou:
ELA: Precisamos de falar.
ele: Há algum problema?
E: Isso pergunto eu.
e: como assim?
E: Bem, vou deixar-me de rodeios: já sei que é de mim que tu gostas.
e: (sem resposta, limitou-se a esboçar um protótipo de um sorriso...)
E: Então? Não dizes nada?
e: Que queres que te diga? Se já descobriste, não há grande coisa para dizer...
E: Sabes bem que não podemos ter nada um com o outro, não sabes?
e: Sei, infelizmente sei...
E: Já tenho namorado. E não tenciono alterar essa situação, percebes?
e: Claro que percebo...
E: Mas não quero que a nossa relação de amizade se altere...
e: Nem eu...
E: (pausa: a empregada traz um café)
e: Só gostava de te dizer uma coisa, e gostaria que não ficasses chateada comigo nem me achasses convencido por pensar dessa maneira...
E: (aguarda)
e: ... Tu sentes algo por mim. Não me digas que não.
E: Desculpa, mas não sinto.
e: Sentes, pela simples razão de que vieste ter comigo para esclarecer tudo, pela maneira como olhaste para mim, à entrada, pela maneira como me falaste sobre tudo isto... e, sobretudo, porque te preocupaste em falar comigo sobre isto e queres que continuemos a ser amigos.
E: (sem resposta)
Ele levantou-se, guardou o seu I-Pod na pasta à tiracolo que trazia consigo, deixou o dinheiro suficiente para pagar os dois cafés em cima da mesa e despediu-se com um simples "Vemo-nos por aí".
in Imaginação de Yours Truly a funcionar....
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