O SONHO COMANDA A VIDA

Foi em mais um dos muitos almoços no café da D. Manuela que o tema veio à baila. Ao sabor de comidinha caseira, (que falta faz, quando os cozinhados da minha mãezinha não me podem acompanhar...) eu e o meu ilustre colega de Ciências da Comunicação, André Leite, conversámos sobre como seria, um dia, ter um(a) filho(a).

A perspectiva redutora e altamente radical do André, já com o cigarro meio «comido»: "Apenas para a perpetuação da espécie...".

A minha: a alegria de vermos nascer um miúdo ou uma miúda que poderemos educar, a partir desse dia, marco glorioso na vida de qualquer pessoa que deseje muito ter um seu rebento. Se me perguntarem quanto desejo ter um filho, no futuro, (não muito longínquo, espero...) responderei sem hesitar: 11 numa escala de 0-10. O olhar de um bébé para as duas pessoas que o trouxeram à Terra, ainda sonolento, mas consciente de que entrou numa nova etapa da sua vida é algo que ainda almejo ver e experienciar eu próprio. Será um momento divinal poder pegar-lhe na sua mãozinha frágil, senti-la e estabelecer uma espécie de prazo para que aquela pequena garra cresça e possa, alguns anos mais tarde, apertar a nossa com convicção e amor. Será uma sensação fantástica poder pegar nele, observá-lo com cuidado, andar com ele para trás e para diante, parar por fim e sussurrar-lhe ao ouvido: "Sê bem-vindo, puto. Agora vamos ter que nos aturar um ao outro...". Será delicioso poder regressar à nossa própria infância, ao ver a sua figurinha evoluir, com a nossa ajuda, pelos parques, pela praia, pela neve, por toda a casa, partindo jarras valiosas e mandando a TV da sala directamente para o contentor do lixo, a partir do 9º andar do nosso prédio. Será o orgulho de vermos essa pessoa atingir o sucesso naquilo que mais gosta de fazer e poder dizer, sem qualquer tipo de pejo: "Aquele(a) é o(a) meu(minha) filho(a)!!!".

Ter um(a) filho(a) é uma das fases mais bonitas da vida de uma pessoa. Pena é que algumas não saibam a sorte que têm em ter um(a)...