terça-feira, março 25, 2008

«SER» É INIMIGO DO «PARECER»


Quando Hermínio Loureiro assumiu a liderança da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, em 2006, com um discurso apelativo e positivo no sentido da valorização do espectáculo do desporto-rei português, fui um dos muitos que julgou que estávamos perante uma nova etapa. Vi, da parte do ainda deputado do PSD, uma atitude que há muito não se via no nosso futebol: intenção de resolver os problemas que assolam o passatempo preferido dos portugueses.


Não passou de uma mera intenção. Hoje, sou dos muitos que acha que a equipa que acompanha Hermínio Loureiro no seio da Liga de Clubes não está, de todo, a realizar um bom trabalho. Valoriza-se demasiado uma imagem do nosso futebol que não corresponde à realidade. Valoriza-se demasiado a aparência enquanto que acções concretas pura e simplesmente não existem.


Olho para a Liga de Clubes e lembro-me de Hollywood: bem adornada por fora, com grandes galas, grandes prémios, grandes expectativas, enfim, puro show-off; podre por dentro, sem ideias, sem soluções e com muito palavreado político à mistura. Não pode ser, Sr. Presidente da LPFP.


Olho para a Liga de Clubes de hoje em dia, e vejo pouca competência para discernir e decidir sobre os assuntos que mais apimentam o nosso futebol. O trabalho dos famigerados assessores de comunicação pode ser o melhor para potenciar a imagem de um Presidente da Liga omnipresente (o que não corresponde à realidade) mas não é o mais eficaz para recolocar o nosso futebol no sentido de uma verdade desportiva clarividente.


Mas vamos a um caso concreto. Vítor Pereira arrisca-se a arrecadar o título de pior líder da Comissão de Arbitragem desde que compete à Liga de Clubes gerir esta área. Capacidade de gestão de recursos humanos bem abaixo da média exigida para o cargo que ocupa e uma visão demasiadamente intransigente e desactualizada (a "jarra"...) para com os árbitros preenchem o currículo do melhor árbitro português de sempre. Como diria José Guilherme Aguiar: "Nem sempre o melhor árbitro dá um bom líder da arbitragem".


No entanto, algo destoa deste cenário de falsidade. Ricardo Costa. Presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes. Nada conivente com a luta pelo poder instalada na Rua da Constituição (muitos clubes candidatos a um só pote), este jurista vai trilhando o seu caminho na justiça desportiva intra-organizacional com mão firme e com decisões... à luz dos regulamentos. Numa só palavra: pragmático.


A Liga de Clubes da actualidade não é para todos. Hermínio tentou passar essa imagem de uma instituição com as portas abertas a todos os clubes, mas só alguns têm acesso aos escritórios do segundo andar. Os restantes... ficam na recepção, juntamente com os jornalistas e estandartes coloridos que mais não fazem do que enfeitar uma Liga vazia de ideias e de conteúdo prático.



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