
Curiosa a entrevista dada pelo historiador Manuel Loff, hoje, ao DN. Este professor de História Contemporânea da Faculdade de Letras da UP acaba de lançar um livro entitulado "O Nosso Século é Fascista! - O mundo visto por Salazar e Franco", em que analisa as ditaduras ibéricas iniciadas na primeira metade do século XX e profere algumas afirmações interessantes:
- defende que o salazarismo foi branqueado, sobretudo por elementos ligados à governação da altura, com uma clara tentativa de lançar a confusão quanto ao modelo político, social, cultural e económico seguido por Salazar.
- explica o porquê de Salazar nunca se ter ligado de alguma forma ao modelo nazi de Hitler com a justificação de que o ultra-nacionalismo inerente a si próprio jamais o deixaria reconhecer qualquer afinidade com o que era praticado além-fronteiras.
- confessa que acha que o salazarismo ainda está a ser branqueado, nos dias de hoje, como uma reacção social à crise económica que se vive em Portugal. O salazarismo, tão nostálgico, afigura-se como uma alternativa viável (!) à recessão económica e ao impasse social que hoje se nos afigura.
- para Manuel Loff, Sócrates não é Salazar.
É um mundo perigoso, este em que vivemos. Quando a RTP se digna a realizar um concurso com o intuito de saber qual o maior português de sempre e a resposta de toda uma nação recai em dois monstros autoritários (António de Oliveira Salazar e Álvaro Cunhal) algo começa a feder. Quando a RTP se digna a colocar no ar um programa que, embora se negue, só vem enaltecer as maravilhas do Estado de extrema-direita (a.k.a «Conta-me como foi»), algo começa a feder. Só para dar alguns exemplos.
É um mundo perigoso, este em que vivemos. Fazem falta mais pessoas como Manuel Loff neste Portugal à beira-mar plantado.
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