segunda-feira, dezembro 17, 2007

HÁ MULHERES COM SORTE...


A estória que vos conto, a partir de agora, desdobra-se em duas fases. Presenciei-a com o maior dos prazeres:




Eram 7h da manhã quando cheguei à paragem do autocarro. O destino? O Curso de Ciências da Comunicação, pois claro, para mais um dia de trabalho árduo. O frio gelava-me todo o corpo e o vento complementava essa agonia com autênticas pontadas nas minhas grandes e redondas bochechas. De mãos nos bolsos e batendo os pés para não ficarem dormentes, conseguia, no entanto, rodar a cabeça e ver o que me rodeava, até que vislumbrei um grupo de colegas que trabalhavam na Baixa portuense. A amena cavaqueira fazia-os rir, apesar da autêntica "Sibéria" que se ia formando no ar.

E o autocarro chegou. Entra-se à pressa, valida-se o passe e corre-se para o lugar preferido. Quis o destino que me sentasse bem no centro de toda a estória. O mesmo grupo (duas mulheres, um homem) sentou-se junto a mim e, de pronto, o homem retira, da sua mochila, com a maior das calmas, um leitor de mp3, ainda devidamente embalado e oferece-o a uma das colegas (por sinal, jovem e razoavelmente bonita). Ela quase pulou de alegria e abraçou-se ao seu colega presenteando-o com uma bela beijoca na face. Apercebi-me de que era mesmo o que ela queria. O homem encostou-se à rapariga, explicando-lhe o normal funcionamento do leitor e ela continuava a rir e a agradecer-lhe pelo bonito gesto que tinha tido, fora da época natalícia. Sorri, de forma calma e ponderada, até que saí do autocarro e eles seguiram viagem.

(...)

Num outro dia - também ele de intenso frio -, a linda estória voltou a repetir-se, e de novo, envolveu os mesmos protagonistas. Voltaram a sentar-se junto a mim (ok, confesso que desta vez fui eu quem despoletou o "encontro" para ver no que daria) e o dejá vu apoderou-se de mim: a famigerada mochila voltou a fazer das suas, com o seu dono a retirar, de dentro desta, mais uma oferenda. Era um pequeno pacote, estreito demais para poder ser um I-Pod, e só depois de aberto pude ver, de relance, do que se tratava: um cartão de memória para telemóvel.

- Como é que sabias que eu precisava de um cartão de memória novo? - perguntou a rapariga, ao mesmo tempo que se entusiasmava, de novo, com mais uma prenda.

- Já tinhas dito que o teu cartão não te dava nem para armazenar as mensagens, portanto... - respondeu ele.

Ela abraçou-se a ele e o mesmo ritual de tutorial voltou a acontecer, com beijos pelo meio e um "encosta-te a mim" terno e sentido. Mas, pelo visto, continuavam a ser só colegas...



CONCLUSÃO: há mulheres com muita sorte. Mas podemos ainda distinguir, neste aspecto, dois tipos de mulheres: aquela que se aproveita de tudo para ir atingindo os seus fins, sem atentar ao quanto um homem gosta dela; e aquele tipo de mulher que nem é ingénua nem cínica, e que simplesmente gosta viver a vida como uma pessoa normal que é. Infelizmente, 90% das mulheres abraçam a primeira premissa. Não me perguntem porquê, pois simplesmente é assim. Os restantes 10%, diminutos e plenos de desalento, são de louvar. Estas são as mulheres que, tendo sorte... merecem-na.

2 comentários:

Ares Dirtybeat disse...

Ora meu amigo hoje não vou começar por te insultar (eu sei também estou parvo comigo mesmo)... Antes vou passar a todos os que lerem este comentário a frase que uma vez um amigo me disse: "ouve aquilo que tens que saber sobre as mulheres é que 60% são vacas e só 20% são sérias. Os outros 20 são as piores porque são vacas reprimidas". Aviso: Isto não é a minha opinião, é simplesmente uma frase que um dia alguém me disse. Partilhei-a aqui por acreditar que em muito se liga ao final deste teu post. Pessoalmente, apesar de parte da minha esperiência poder apontar para a veracidade desta frase, prefiro continuar a acreditar que este mundo ainda não é assim tão decadente...

Anónimo disse...

Adorei