terça-feira, janeiro 13, 2009

UM PORTO (BEM) SENTIDO




Larguei os livros e os cadernos, na tarde gélida da última sexta-feira e fiz-me à estrada. O café e a malta ficaram para trás, à medida que os meus pés enregelados se esforçavam, de forma inglória, para aquecer nos passeios molhados de uma cidade banhada pelas luzes dos candeeiros.

O fim-da-tarde aproximava-se a passos largos, com a noite a espreitar por entre os prédios degradados de Cedofeita. Liguei o mp3, qual impulso constante ao longo do dia, e deixei a música fluir pelos meus ouvidos.

As preocupações com tudo e mais alguma coisa, as emoções ao rubro que deixam o cutelo pendente sobre uma cabeça em permanente sobressalto. A contribuição para o mal-estar vinha das ruas, onde toda a gente se apressava, à saída dos empregos, nas paragens de autocarros, a tentar que a ignição dos carros pegasse com os motores congelados.

Tudo me apontava a direcção de casa, onde um bom banho resolveria, certamente, mais um devaneio de um pedaço do dia em que o erro se apoderou de mim: pus-me a pensar.

Mas, antes, duas coisas: registar o Euromilhões de uma sociedade fraterna (André, Guilherme, Pedro, Zé) e mais um café perto da Boavista.

A primeira paragem foi bem sucedida: registado!

A segunda: nem por isso. Toca o telefone e, do outro lado, o Bernardino Barros, por entre tosse q.b. e um som nasal, a cancelar o tal café para pormos a conversa em dia. "As melhoras, BB!", ainda lhe disse. "Ligo-te para a semana...", retorquiu.

De novo o telefone para arranjar uma boleia para casa. O frio apertava. Às 18h, a porta do carro abriu-se e só pararia chez moi. Mas continuava a pensar.



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